A questão das imagens e a idolatria.

A questão das imagens e a idolatria. 

(Ícone "Vitória da Ortodoxia". Quando os cristãos venceram a heresia iconoclasta).

INTRODUÇÃO

Não raro, nós católicos somos atacados por protestantes no quesito do uso de imagens sacras. Primeiramente, é preciso demonstrar que o protestantismo original -- se é que posso chamá-lo assim -- não condena, em si, o uso das imagens e objetos de cultos. Como todos sabem, o protestantismo é uma verdadeira babel onde cada um pode fazer livre interpretação bíblica. Das livres interpretações nasceu a ideia de que Deus condena o uso de imagens.

O curioso é que os mesmos protestantes que ataca ferozmente o uso de imagens, atacam tão somente o uso de imagens sacras (usadas para culto). Aí há uma grande incoerência que mostraremos a pouco.

Também é preciso dizer o seguinte: não é a primeira vez que a Igreja enfrenta heresias desta jaez. No século VII e/ou VIII surgiu o movimento dos hereges iconoclastas. Estes hereges eram contra os ícones, e, assim, quebravam vários ícones nas Igrejas, entre outros impropérios. Um dos grandes defensores das imagens foi São João Damasceno, que escreveu uma apologia contra os iconoclastas.

O USO DAS IMAGENS É PROIBIDO POR DEUS?

O que é uma imagem? Uma imagem é um simulacro, a representação de algo. 

A objeção imediata é feita pelo mau uso da passagem do Êxodo XX. Vejamos: "Êxodo XX;4: “Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra." 

Tomando esta passagem como um mandamento absoluto, -- absoluto no sentido de que não se deve fazer absolutamente imagem alguma -- não poderíamos ter qualquer tipo de imagem. Não poderíamos ter quadros, fotografias, espelhos, esculturas, televisão, desenhos, objetos religiosos, entre outros. O protestante mais grosseiro interpreta como um mandamento absoluto. 

Qual é, então, a interpretação correta desta passagem? Primeiro, devemos demonstrar que este mandamento não é absoluto, mas relativo. Façamos uma comparação:

"Êxodo XX;4: “Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra." 

Êxodo XXV;18: Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado outro de outro, 

Números XXI, 8-9: e o Senhor disse a Moisés: “Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo.” Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida.

A primeira há uma proibição divina, nas demais Deus manda fazer imagens. Não há uma grande contradição nas ordens divinas? Não! Em Deus não pode haver contradições. Aqui a babel protestante vem abaixo, pois prova-se que Deus não proibiu que o homem fizesse qualquer imagem, mas um tipo específico de imagens. Logo, este mandamento "não farás para ti escultura" é relativo, e não absoluto. Se fosse absoluto -- como muitos protestantes pensam --, Deus seria contraditório e, consequentemente, não seria Deus. 

Então, qual é o significado do Êxodo XX, 4? É só voltar no versículo anterior: "Não terás outros deuses diante de Mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma do que há em cima no céu, e do que há em baixo na terra, nem do que nas águas debaixo da terra. Não adorarás tais coisas, nem lhes prestarás culto." (Ex. XX, 3-5 e Deut. V, 8).

Um pouco antes, Deus diz: "não terás outros deuses diante de Mim", depois proíbe a fabricação de certos tipos de imagens. O que podemos deduzir disto? Podemos concluir que Deus não proibiu a fabricação de todo e qualquer tipo de imagem, mas proibiu a fabricação de imagens de ÍDOLOS, isto é, de objetos de idolatria. 

O que colabora para esta tese é que, na antiguidade, havia muita adoração de ídolos. Adorava-se imagens de boi, bezerro, sapo, vaca, entre outros. Mas a Bíblia deixa claro que Deus aprova o uso de imagens sacras, pois Ele mesmo disse: "farás dois querubins de ouro". 

Uma outra passagem muito mal jogada pelos protestantes é a seguinte:

"Quanto a seus ídolos de ouro e prata, são eles simples obras da mão dos homens.Têm boca, mas não falam, olhos e não podem ver,  têm ouvidos, mas não ouvem, nariz e não podem cheirar. Têm mãos, mas não apalpam, pés e não podem andar, sua garganta não emite som algum. Semelhantes a eles sejam os que os fabricam e quantos neles põem sua confiança."(Salmo CXIII, 12-18).

Muitos deles, de forma astuciosa e satânica, jogam esta passagem contra nós e nossas imagens sacras. Isto não passa de uma passagem tirada do contexto em que foi escrita. Ao voltar alguns versículos, veremos que esta passagem encaixa-se às nações pagãs:

 "Por que diriam as nações pagãs: Onde está o Deus deles?" (Salmo CXIII, 10).

Agora, fica evidente que o autor falava das nações pagãs e que essas nações pagãs possuíam ídolos de ouro e de prato. Esses ídolos tinham mãos, mas não apalpavam; tinham boca, mas não falavam; tinham nariz, mas não cheiram, etc. É tolice comparar as imagens sagradas com as imagens de ídolos pagãos. Além disso, é uma injúria contra os santos do Céu -- ao compará-los a ídolos antigos. 

Aqui vai um arsenal de passagens bíblicas que comprovam a ideia posta acima: Deus proibiu a fabricação de imagens de ídolos, não de imagens quaisquer.

“Não fareis para vós deuses de prata nem deuses de ouro” (Ex 20, 23).

“O meu anjo caminhará diante de ti e ele te introduzirá na terra dos amorreus, dos heteus, dos ferezeus, dos cananeus, dos heveus, dos jebuseus, os quais eu destruirei. Não adorarás os seus deuses nem lhes darás culto, não imitarás as suas obras, mas destruí-los-ás e quebrarás as suas estátuas” (Idem., 23, 23-24).

“E lá servirás a deuses estranhos, ao pau e à pedra; e ver-te-ás na última miséria, como o ludíbrio e a fábula de todos os povos, onde o Senhor te houver levado” (Idem., 28, 36-37), 

“Eles O irritaram adorando deuses estranhos e com as suas abominações O provocaram à ira” (Idem., 32, 16).

“Eu entregarei nas vossas mãos os habitantes da terra e os expulsarei da vossa vista... Não habitem na tua terra, para que te não façam pecar contra mim, deuses servindo aos seus deuses" (Idem., 23, 31-33)

Como podemos perceber, a condenação de imagens é sempre dirigida às imagens dos ídolos e deuses pagãos. Ora, os santos e anjos não são deuses pagãos, e é um absurdo compará-los a deuses. Em lugar algum a doutrina da Igreja diz que os santos devem ser adorados como se fossem deuses. A condenação das imagens de ídolos era justamente para os povos pagãos da época. 

E agora um arsenal de passagens bíblicas mostrando a fabricação de imagens:

Êxodo XXV;18: Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado outro de outro, 

Números XXI, 8-9: e o Senhor disse a Moisés: “Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo.” Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida.

I Reis VI, 23-24: Fez no santuário dois querubins de pau de oliveira, que tinham dez côvados de altura. Cada uma das asas dos querubins tinha cinco côvados, o que fazia dez côvados da extremidade de uma asa à extremidade da outra. Versículo 29: Mandou esculpir em relevo em todas as paredes da casa, ao redor, no santuário como no templo, querubins, palmas e flores abertas.

“E entre as coroas e laçadas havia leões, bois e querubins” (I Reis VII, 29).
FONTE:http://paramaiorgloriadedeus.blogspot.com.br/2015/09/a-questao-das-imagens-e-idolatria.html