domingo, 4 de outubro de 2015

CARTA DE SANTO AGOSTINHO A PROBA



 

Santo Agostinho (354-430)

Santo Agostinho





















O Que Pedir na Oração?
Uma das mais belas cartas de Santo Agostinho é a de número 130, dirigida a Proba. Faltania Proba era uma nobre viúva de Roma Imperial. Seu marido Probus fora "o eterno Prefeito de Roma" e cônsul em 371. Proba se impressionou com os dizeres de São Paulo: "Não sabemos o que pedir como convém" (Rm 8,26) e apresentou a Agostinho a solicitação: "Escreva-me alguma coisa sobra a maneira de orar a Deus e sobre as coisas que devo pedir na oração". A resposta foi dada na famosa carta datada de 411 ou 412.

1. Preparando o Espírito para a Oração
A atenção de Agostinho se volta para as condições de vida de sua interlocutora: é viúva e rica. Ele diz:
3. "Deves, pois, pelo amor da verdadeira vida, considerar-te desolada neste mundo, seja qual for a felicidade que te envolva. Em comparação com aquela vida verdadeira, esta ainda que muito amada - nem merece o nome de vida, por mais alegre e pródiga que seja. As riquezas, o brilho das honras e as demais vaidades com as quais os mortais se julgam felizes, por não conhecerem a verdadeira vida, nada trazem de seguro."
5. "Enquanto caminha pela fé e não pela visão, a alma cristã deve considerar-se desolada, e não cessar de orar. Após a morte haverá, então, a verdadeira vida, o verdadeiro consolo depois da desolação. Aquela vida arrancará a nossa alma da morte, e aquele consolo enxugará as lágrimas de nossos olhos. Essa é a verdadeira vida que os ricos devem conquistar com suas boas obras, conforme aprenderam. Isso seja para ti verdadeira consolação."
Com estas palavras, Santo Agostinho quer alertar que ela poderia entregar-se aos prazeres desse mundo, mas que, embora parecesse viver, estaria morta. Ao contrário, é preciso que Proba se sinta desamparada, pois os bens materiais são passageiros. Na verdade, o homem não encontra resposta para seus anseios naturais nem em si nem nas criaturas inferiores. Ele traz em si a abertura para o infinito.
2. O que Pedir?
Após lembrar a insuficiência dos bens materiais que cercam e podem seduzir Proba, Agostinho vai diretamente a pergunta, recomendando pedir a vida eterna, que é a vida feliz sem ameaça de contrariedades. Ele diz:
9. "Já ouviste quem tu deves ser ao orar. Agora, escuta o que hás de pedir na oração. Ficaste impressionada com o que diz o apóstolo: ‘Não sabemos o que pedir como convém’. Receia que possa causar-te maior prejuízo o orar como não convém do que não orar.
Posso dizer-te em poucas palavras: Pede a vida bem-aventurada! Todos os homens querem possuir vida feliz, pois mesmo os que vivem mal não viveriam desse modo, se não acreditassem que assim são, ou que podem vir a ser felizes. Que outra coisa te convém pedir se não o que bons e maus procuram adquirir, ainda que somente os bons o consigam?”
Santo Agostinho também ensina que pedir a vida eterna não exclui o pedido de bens temporais necessários a uma vida digna: saúde corporal e amigos são explicitamente citados como valores necessários para uma caminhada tranquila neste mundo:
12. "Agrada-te que, além da saúde temporal, os fiéis desejem para si e para os seus honras e dignidade? Está certo se esses bens não forem desejados por si mesmo, mas para a utilidade dos que vivem sob os seus cuidados. É bom desejá-los. Não seria bom, no entanto, se fosse desejado apenas por vã ostentação, por pompa supérflua ou por vaidade nociva.
Pode-se desejar para si e para os seus o suficiente, o que for necessário para viver. Quem deseja o suficiente, e nada mais que isso, nada de impróprio deseja.  Se assim não for, deseja o que não convém."
3. Por que Orar?
Santo Agostinho levanta, então, outra questão: De antemão Deus já sabe do que necessitamos. Então por que dizê-lo a Deus na oração? Em resposta, Agostinho explica: Deus quer que peçamos não para informá-Lo, mas para que tomemos consciência do dom de Deus e dilatemos nossos desejos. Somos pequeninos demais para receber a dádiva divina, mas pedindo e suplicando, nos abrimos mais e mais para ela. Diz Agostinho:
15. "Para alcançarmos essa vida feliz, a verdadeira Vida, nos ensinou a orar. Não com muitas palavras, como se quanto mais loquazes fossemos mais nos atenderia. Mas rogamos Àquele que conhece o que nos é necessário, antes mesmo de lhe pedirmos (conforme Mt 6,7-8)."
17. "Pode alguém estranhar porque motivo assim dispôs aquele que já de antemão conhece nossa necessidade, antes de lhe pedirmos. Está dito: "Para mostrar a necessidade de orar sempre, sem jamais esmorecer" (Lc 18,1), o Senhor trouxe o exemplo de certa viúva. À força de súplicas, ela se fez escutar por um juiz iníquo que não se deixava mover nem pela justiça, nem pela misericórdia, mas que, entretanto se sentiu interpelado pelo cansaço.
Pode alguém estranhar porque assim dispôs aquele que de antemão conhece todas as nossas necessidades. Temos de entender que o intuito de nosso Senhor e Deus não é ser informado sobre nossa vontade (o que Ele não pode ignorar) mas despertar pela oração nosso desejo. Isso nos tornará capazes de receber o que se prepara para nos dar - o que é imensamente grande. Nós somos, porém, pequenos e estreitos demais para recebê-lo. Por isso, dizem-nos: "Dilatai-vos! Não aceitais levar o jugo com os infiéis" (2Co 6,13-14). E o que é tão imensamente grande ("os olhos não viram", porque não é cor; "nem os ouvidos ouviram", porque não é som; "nem subiu ao coração do homem", já que é o coração do homem que deve subir para lá), nós o recebemos com tanto maior capacidade quanto mais fielmente cremos, esperamos com mais firmeza e mais ardentemente desejamos."
4. Como Orar?
Responde Agostinho que não é necessário fazer longos discursos, mas importa orar com profundo afeto, ou seja, com ardente desejo.
20. "Não haja, pois, na oração muitas palavras, mas não falte muita súplica, se a intenção continua ardente. Porque falar demais ao orar é empregar palavras supérfluas em coisa necessária. Porém, rogar muito, com frequente e piedoso clamor do coração, é bater à porta daquele a quem imploramos. Nesta questão, trata-se mais de gemidos do que de palavras, mais de chorar do que de falar. Porque Ele põe nossas lágrimas diante de Si e nosso gemido não passa despercebido Àquele que tudo criou pela Palavra e não precisa das palavras humanas."
5. Recomendação Final
E assim Santo Agostinho encerra a sua carta:
"Não vos esqueçais de orar por mim, e não de modo negligente. Não peço isto como se fosse uma honra, mas considero que estarei em perigo se me subtrairdes o auxílio que julgo tão necessário. A oração recebe poderoso reforço com o jejum, as vigílias e qualquer mortificação corporal (Tb 12,8).
                                                             fonte: http://stoa.usp.br/anacesar/weblog/50087.html

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